Cargos novos, como os de web designers e estilistas, são ocupações com maior chance de remuneração elevada.
Profissionais que ocupam cargos criados recentemente, como estilistas e web designers, têm mais chance de receber maior aumento de salário do que os que ganham a vida em profissões tradicionais, como médicos e advogados. A afirmação vem a partir Pesquisa Salarial e de Benefícios da Catho Online, site de empregos.
Conforme o levantamento, entre junho de 2005 e junho deste ano, o crescimento salarial dos cargos novos foi 7,97% maior do que para cargos convencionais. Os primeiros receberam, em média, aumento de 15,27%, ao passo que os últimos tiveram 6,76%. A Catho Online considera tradicionais as profissões que já têm processos de trabalho estabelecidos.
A diretora Executiva do Grupo Labor, entidade especializada em Recursos Humanos, Carmen Cavalcanti, concorda com o resultado da pesquisa. Segundo ela, os salários para profissões tradicionais caíram no DF. “A remuneração de um médico, por exemplo, não é compatível com a qualidade desse profissional”, diz. “No passado, o médico podia trabalhar em um só lugar; hoje, precisa se dividir em dois ou três empregos”, completa.
Wireless
Entre os novos cargos, os que tiveram maior destaque, conforme o estudo, foram “administrador ou técnico de rede wireless” e “web designer ou produtor de conteúdo”, com aumentos salariais de 22% e 19% respectivamente. Segundo o consultor da pesquisa, Mário Fagundes, as mudanças tecnológicas e os rumos da economia são responsáveis pela criação das novas profissões e pela mudança de atribuições dos cargos tradicionais.
Fagundes cita os veterinários especializados em lidar com animais de pequeno porte para exemplificar essa realidade. “Nos últimos anos, o comércio para bichos de estimação cresceu assustadoramente. Esses veterinários trabalham para um público muito específico e tendem a ganhar cada vez mais espaço no mercado”, ressalta. Outros setores que devem crescer, de acordo com o consultor, são Turismo, Hotelaria, Telecomunicações e Prestação de Serviços.
Apesar das boas notícias para os veterinários, Susana Tavares Elias, 33 anos, afirma que ganhar dinheiro na área não é tão simples assim. Formada há quase 10 anos, a veterinária veio do Rio de Janeiro para Brasília em busca de mais oportunidades. “Quem já está no mercado tem muita chance de crescer. Mas, para os recém-saídos da faculdade, é mais difícil”, diz ela.
Pet shop
Susana é dona de um pet shop na 405 Norte desde 2002. Ela conta que, antes de abrir a empresa, precisava fazer plantão noturno e trabalhar aos fins de semana se quisesse garantir alguma renda no fim do mês. “Até que eu resolvi investir na loja”, conta. A veterinária diz, no entanto, que nem sempre abrir um pet shop significa ter sucesso. “Se o empresário vem para o mercado só para ganhar dinheiro, logo fecha as portas. É preciso ter amor pelo que se faz”, acredita.
Para Christine Martins, professora da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília (UnB), é possível viver bem se o veterinário tiver capital para investir no próprio negócio. Segundo ela, um profissional recém-formado ganha, em média, R$ 1 mil, mas trabalhando em regime de plantão. “Tenho dó de ver alguns ex-alunos virando bancários porque não conseguem sobreviver como veterinários”, diz.
A Catho Online analisou 40 cargos (20 novos e 20 convencionais), em posições gerenciais, administrativas e técnicas de 48 ramos de atuação.
É importante ter metas para a carreira
A pesquisa também destacou as profissões que tiveram maior queda salarial: secretária bilíngüe (-14,44%), contador (-11,13%) e ferramenteiro (-16,78%). O consultor do estudo, Mário Fagundes, lembra que reduções e aumentos de até 5% são considerados normais.
A presidente do Sindicato das Secretárias e Secretários do DF (SIS/DF), Maria Normélia Alves Nogueira, discorda da pesquisa. Segundo ela, os salários da categoria são revisados todo ano. “A procura é sempre maior do que o número de demissões”, ressalta.
Para a secretária júnior Gigliany Matos Chaves, 21 anos, a remuneração da categoria está defasada. Ela está no 6º semestre do curso de Secretariado Executivo, mas já é contratada em uma entidade de classe e ganha R$ 1,4 mil mensais. Para ela, o principal problema é a falta de exigência do diploma para atuar como secretária. “Hoje, infelizmente, qualquer pessoa pode ocupar o meu lugar”, observa.
Apesar disso, Gigliany acredita que o mercado ainda pode crescer. Segundo ela, a profissão é vista com muito preconceito e o nome “secretária” não remete a todas as atividades do cargo. “A secretária é a chave fundamental nos processos de organização da empresa”, opina.
A diretora Executiva do Grupo Labor, Carmen Cavalcanti, acredita que o papel da secretária está mudando. De acordo com Carmen, o profissional dessa área deve ser organizado, criativo e crítico. “Hoje em dia, as secretárias precisam se antecipar aos fatos”, alerta.
Competição
Mas a recomendação de Carmen não vale apenas para as secretárias. A diretora afirma que, para manter-se no mercado de trabalho, é preciso deixar de lado a visão paternalista do emprego. “Espera-se que todo profissional tenha nas mãos as rédeas de sua carreira”, orienta.
Segundo ela, a competição por uma vaga está maior, porém, ao mesmo tempo, é difícil conseguir mão-de-obra qualificada, principalmente no DF. “Brasília tem um mercado atípico. Os melhores profissionais estão empenhados em passar em concursos públicos”, constata. “A iniciativa privada é tida como instável, mas as pessoas precisam ter ciência de que essa história de emprego fixo está acabando”, diz.
Uma maneira de não ficar para trás, conforme Carmen, é elaborar metas de crescimento profissional. “As empresas buscam, cada vez mais, profissionais bem preparados”, destaca.
Jornal de Brasília – DF
13/11/2006